sexta-feira, 30 de abril de 2010

Augusto dos Anjos

Contrastes

A antítese do novo e do obsoleto,
O amor e paz, o odio e a carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina
Tudo convém para o homem ser completo

O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!

Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes
Por justaposição destes contrastes,
Junta-se um hemisfério a outro hemisfério

Às alegrias juntam-se às tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemiterio

Augusto dos Anjos

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